Projetos Concluídos

PROJETOS CONCLUÍDOS

TRAJECTÓRIAS PELOS CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL

O estudo Trajetórias pelos Cuidados de Saúde Mental (TCSM) teve como principal objetivo contribuir para a definição de um modelo de referenciação, articulação e prestação de cuidados de saúde mental com vista à satisfação de utentes, cuidadores e técnicos de saúde mental. Por outro lado, procurou estudar o processo de “desinstitucionalização” psiquiátrica em Portugal que decorreu entre 2009-2014, no sentido de compreender a forma como este decorreu, e obter a perceção das pessoas diretamente afetadas/ envolvidas neste processo. Assim, este projeto partiu de três objetivos específicos:

  1. caracterizar o processo de “desinstitucionalização” psiquiátrica em Portugal;
  2. estudar as trajetórias de utilização dos serviços de saúde mental, analisando fatores facilitadores e obstáculos, segundo a perceção dos utentes, seus familiares/ cuidadores e técnicos de saúde mental; bem como
  3. avaliar a perceção da satisfação face aos serviços de prestação de cuidados de saúde mental.

O projeto TCSM decorreu entre janeiro de 2013 e setembro de 2014, envolvendo diferentes fases: 1) a recolha de dados sobre o processo de “desinstitucionalização” psiquiátrica em curso em Portugal; bem como 2) a realização de entrevistas a pessoas com experiência de doença mental; a familiares e cuidadores de pessoas com experiência de doença mental e, ainda, a profissionais a intervir na área da doença mental e/ ou pessoas ligadas à gestão das instituições.

Foram produzidos e divulgados 2 relatórios no âmbito do projeto, os quais pode consultar nas ligações abaixo:

Palha, F. & Costa, N. (2015). Trajetórias pelos cuidados de saúde mental. Parte I – O processo de “desinstitucionalização” psiquiátrica em Portugal: da análise objetiva dos factos às perceções de utentes, familiares/ cuidadores e técnicos. Porto: ENCONTRAR+SE.

Palha, F. & Costa, N. (2016). Trajetórias pelos cuidados de saúde mental. Parte II – Trajetórias pelos cuidados de saúde mental em Portugal – resultados relativos às perceções de utentes, cuidadores e técnicos de saúde mental. Porto: ENCONTRAR+SE .

O projeto TCSM foi promovido pela ENCONTRAR+SE – Associação para a Promoção da Saúde Mental – em parceria com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, e com o apoio científico do Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto[NC3] ).

ABRIR ESPAÇO À SAÚDE MENTAL

Os adolescentes são um público-alvo prioritário para a promoção da saúde mental, bem como para a redução do estigma associado a problemas de saúde mental (Rickwood, Deane, Wilson & Ciarrochi, 2005; WHO, 2010) por 2 principais motivos:

  • 1 em cada 5 adolescentes passará pela experiência de um problema de saúde mental ao longo da vida (WHO, 2001);
  • Dados da literatura sugerem que o estigma associado a problemas de saúde mental surge em idade precoce (European Commission & Portuguese Ministry of Health, 2010) não obstante, esta ser uma fase de desenvolvimento na qual as atitudes são maleáveis, podendo ser alteradas (Wahl, 2002; Corrigan & Watson, 2007).

A promoção da literacia em saúde mental, conceito que integra os conhecimentos e crenças adequadas relativas a questões de saúde mental (Jorm, 2000), assumiu-se como central no projeto Abrir Espaço à Saúde Mental.
À semelhança do UPA Faz a Diferença, o Abrir Espaço à Saúde Mental decorreu em contexto escolar, envolvendo a participação de jovens, desta vez do 3º ciclo do ensino básico. O Abrir Espaço à Saúde Mental teve como objetivos gerais:

  1. Desenvolver um instrumento de avaliação rigoroso capaz de avaliar a literacia em saúde mental, bem como as perceções estigmatizantes face a problemas de saúde mental, o qual funcione, simultaneamente, como medida de avaliação da intervenção;
  2. Desenvolver uma intervenção efetiva centrada nos conhecimentos, atitudes e comportamentos de jovens entre os 12 e os 14 anos, que frequentem o 7º, 8º e 9º anos, em relação a questões de saúde mental (literacia em saúde mental e perceções estigmatizantes relacionadas com problemas de saúde mental) e;
  3. Implementar e avaliar a eficácia da intervenção.

O projeto “Abrir Espaço à Saúde Mental – Promoção da saúde mental em adolescentes (12-14): desenvolvimento e avaliação de uma intervenção” foi desenvolvido pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP), com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/PSI-PCL/112526/2009) e em parceria com a ENCONTRAR+SE.

PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA FACE À DOENÇA MENTAL

O estigma associado à doença mental põe em risco o tratamento e a qualidade de vida de muitas pessoas que passam por esta experiência quer direta, quer indiretamente. Em última análise repercutindo-se nas comunidades e na economia dos países.
De entre as consequências diretas de uma visão negativa e errada da doença mental, salientam-se algumas cuja gravidade é evidente:

  • um número significativo de pessoas adiam a procura de ajuda piorando situações clínicas facilmente controláveis;
  • doentes não aderem à medicação pondo em risco recaídas e deterioração das capacidades;
  • pessoas com doença mental são discriminadas nos empregos, nos locais de ensino, agravando o isolamento social e o grau de incapacidade provocada pela doença, e com consequências nas famílias e sociedades;
  • aumento do isolamento e exclusão social, da desesperança e do risco de suicídio;
  • dificuldade de acesso a tratamento, reduzidas estruturas de apoio comunitário, falta de formação especializada dos técnicos, violação dos direitos humanos, falta de interesse político.

Neste sentido, o grupo alvo deste projeto foram os estudantes universitários, pelo facto de se encontrarem num período de vida sensível, propício à aquisição de conhecimentos permitindo, assim, uma atuação anterior à consolidação de estereótipos. Mais especificamente, centramo-nos nos estudantes de Medicina uma vez que “Para atacar o estigma e a discriminação é necessária uma abordagem em diversos níveis, nomeadamente a educação dos profissionais e trabalhadores em saúde” (OMS, 2001, p. 100). Este grupo de estudantes surge, assim, com uma responsabilidade social acrescida. Por conseguinte, torna-se fundamental a avaliação de necessidades específicas de intervenção, impondo-se uma avaliação inicial ao nível dos conhecimentos e perceções face à doença mental que estes estudantes possuem.

Em 2009 foi realizado o estudo piloto com vista a aferir o questionário e fazer uma primeira avaliação do impacto que a residência em psiquiatria pode ter na perceção que os alunos de medicina têm face à doença mental.

Atendendo aos resultados obtidos, pareceu-nos importante dar continuidade a este estudo, pelo que foi implementada a segunda fase do projeto, que pretendeu estudar de que forma varia a perceção dos alunos de medicina ao longo da sua formação académica.

ESTUDO SOBRE A VIABILIDADE DE COLABORAÇÃO ENTRE SERVIÇOS QUE PRESTAM CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS DE SAÚDE MENTAL. A PROPÓSITO DA IMPLEMENTAÇÃO DO NEAR – Neuropsychological Educational Approach to Rehabilitation.

A importância de rentabilizar os parcos recursos existentes na comunidade e de maximizar as sinergias entre instituições que prestam serviços integrados de saúde mental, tem sido uma constante preocupação da ENCONTRAR+SE.
No entanto, é necessário compreender quais os aspetos facilitadores deste processo, da mesma forma que é fundamental identificar possíveis obstáculos.

No âmbito do Learning Center, a ENCONTRAR+SE disponibiliza o Neuropsychological Educational Approach to Rehabilitation pela primeira vez em Portugal, pretendendo estender este serviço a utentes de instituições congéneres. Desta forma, está a ser estudada a viabilidade da colaboração entre serviços, com particular ênfase na identificação dos aspetos facilitadores e obstáculos à sua concretização.

UPA FAZ A DIFERENÇA – AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PRÓ-SAÚDE MENTAL

O “UPA Faz a Diferença – Ações de sensibilização pró-saúde mental” surgiu com o objetivo geral de contribuir para o aumento de conhecimentos sobre questões de saúde mental de jovens, alunos do ensino secundário, com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, no sentido de, por um lado, incentivar a procura precoce de ajuda e diminuir atitudes estigmatizantes; e, por outro lado, sensibilizar para a necessidade de promoção de saúde mental.
Por sua vez, constituíram objetivos específicos do projeto:

  • Avaliar as perceções estigmatizantes e de conhecimentos e as intenções comportamentais de alunos do ensino secundário, com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, face a problemas de saúde mental;
  • Transmitir informações sobre os principais sinais e sintomas de alerta para o risco de perturbação mental;
  • Sensibilizar para a necessidade de promoção da saúde mental, enfatizando a necessidade de agir sobre o bem-estar individual e adotar comportamentos promotores de saúde;
  • Divulgar o movimento UPA – Unidos para ajudar, cujo mote é “Levanta-te contra a discriminação da doença mental”, no sentido de sensibilizar para o impacto do auto/ hetero-estigma; e, por último,
  • Avaliar o impacto da iniciativa e de necessidades futuras de intervenção.

 

Estudo piloto
Conscientes da complexidade de realizar uma intervenção centrada neste tema e direcionada aos jovens, o primeiro ano de implementação do projeto (Julho de 2009 a Julho de 2010) correspondeu à realização de um estudo piloto, o qual teve como objetivos:

  • construir um instrumento de avaliação que permitisse a avaliação das perceções estigmatizantes e de conhecimentos e das intenções comportamentais face a problemas de saúde mental, para alunos do ensino secundário;
  • informar sobre os conteúdos e necessidades de educação para a saúde mental a serem abordados nas ações de sensibilização a construir; bem como
  • avaliar o impacto das ações-piloto

No final do estudo piloto, encontravam-se reunidas as condições necessárias para implementação das ações de sensibilização em meio escolar, dado este ter permitido o estudo e a melhoria do questionário – “Questionário UPA Faz a Diferença. Perceções de alunos face a problemas de saúde mental”, bem como das “Ações de Sensibilização Pró-Saúde Mental” (ASPSM), construídos.

Implementação do projeto
O UPA Faz a Diferença foi implementado em 13 escolas secundárias da zona Norte litoral de Portugal, tendo envolvido 1277 alunos.
A implementação do projeto seguiu uma metodologia experimental, do tipo pré-pós-intervenção, com recurso a grupo experimental e grupo de controlo; tendo permitido a realização (1) do levantamento das perceções estigmatizantes, perceções de conhecimentos e intenções comportamentais dos alunos face a problemas de saúde mental – resultados pré-intervenção; bem como (2) da avaliação do impacto das ações de sensibilização pró-saúde mental.

O UPA Faz a Diferença foi implementado pela ENCONTRAR+SE, com o apoio financeiro do Alto Comissariado da Saúde, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Lilly Portugal e do BPI, bem como com o apoio científico do Centro de Estudos de Desenvolvimento da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa.

P’UPA: PROFESSORES UPA FAZEM A DIFERENÇA

Na sequência das necessidades identificadas face a conhecimentos sobre questões de saúde mental, no âmbito do UPA Faz a Diferença, surgiu o “P’UPA: Professores UPA Fazem a Diferença”, dirigido a professores do ensino básico e secundário, de escolas da zona norte litoral de Portugal.

Este projeto teve como objetivo geral contribuir para o aumento do conhecimento sobre problemas de saúde mental (mental health literacy) junto de professores do ensino básico e secundário, no sentido de sensibilizar para a necessidade de intervenção precoce na perturbação mental; diminuir atitudes estigmatizantes e discriminatórias; e sensibilizar para a necessidade de promoção de saúde mental.

Com o apoio financeiro da Lilly Portugal e o apoio científico do Centro de Estudos de Desenvolvimento da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (Cento Regional do Porto), entre Setembro de 2011 e Maio de 2012, o projeto foi implementado em 9 escolas do distrito do Porto, junto de 125 professores.

A implementação do projeto seguiu a matriz metodológica do UPA Faz a Diferença, tendo assumido uma metodologia do tipo pré-pós-intervenção. Como principais resultados da implementação do projeto destaca-se:

(1) o aumento da perceção de conhecimentos face a problemas de saúde mental,

(2) o aumento das perceções positivas (menos estigmatizantes) face a problemas de saúde mental, bem como

(3) a elevada recetividade dos professores ao projeto.

Com o apoio financeiro do Instituto Nacional para a Reabilitação (cofinanciado pelo programa de financiamento a projetos do Instituto Nacional para a Reabilitação) e o apoio científico do Centro de Estudos de Desenvolvimento da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (Cento Regional do Porto), entre Setembro e Dezembro de 2013, o projeto foi implementado em 2 escolas do distrito do Porto, junto de 29 professores.

ESTUDO SOBRE AS ATITUDES DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS FACE À DOENÇA MENTAL

No contexto da campanha anti-estigma/ pró-saúde mental, promovida pela ENCONTRAR+SE, decorreu o primeiro estudo sobre “Atitudes de estudantes universitários face à doença mental”, que envolveu uma amostra de 300 estudantes. Este estudo efetuado antes de iniciar a campanha anti-estigma/ pró-saúde mental e repetido no final da mesma, teve como objetivos fazer um levantamento das atitudes de estudantes universitários face à doença mental e, posteriormente, avaliar o impacto da campanha na mudança de atitude/ aumento de conhecimento sobre a doença mental. Os dados preliminares deste estudo foram apresentados em diversos eventos científicos (e.g. IV International Stigma Conference, London).